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Primeiros passos com o Compute Module 4

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Os sistemas embarcados que utilizam sistemas operacionais de propósito geral (GPOS, como distribuições Linux) estão cada vez mais presentes em uma ampla gama de soluções e dispositivos eletrônicos ao nosso redor. Desde eletrodomésticos até a área automotiva, esses sistemas são amplamente usados em interfaces multimídia e sistemas de infotainment dos veículos mais modernos. Um exemplo dessa tecnologia é o Compute Module 4.

Os motivos para isso são diversos, mas giram em torno da praticidade e versatilidade que um sistema operacional destes pode oferecer. Tais sistemas operacionais são robustos, bastante conhecidos dos desenvolvedores (inclusive para aqueles que não trabalham diretamente com sistemas embarcados) e já possuem muitos drivers e interfaces de comunicação/conectividade prontas para uso, otimizando portanto o tempo de desenvolvimento e minimizando o tempo de debug.

Para comportar tais sistemas embarcados, existem diversas opções de Single-Boards Computer (SBC) no mercado, dentre elas as Raspberry Pi. Para soluções que necessitam operar em ambientes mais severos (como ambiente industrial, por exemplo), uma opção bastante interessante é a Raspberry Pi CM4, a qual é detalhada neste artigo.

O que é o Compute Module 4?

O Raspberry Pi Compute Module 4 – ou, também comumente chamado, Raspberry Pi CM4 – é uma versão compacta e modular da conhecida SBC Raspberry Pi 4, feita no formato de SoM (System-on-Module). O Compute Module 4 pode ser visto na figura 1.

O que é o Compute Module 4?

Figura 1 – Raspberry Pi Compute Module 4

Dessa forma, a Raspberry Pi CM4 pode ser encaixada/soquetada em uma placa base que contém os periféricos desejados para o uso específico de uma solução (conectores HDMI, USBs, Ethernet, etc.). 

Sendo assim, é possível projetar uma placa base somente com os periféricos e recursos de hardware desejados na solução específica, encaixando o Compute Module 4 nela para que este opere como o “cérebro” (central lógica) da solução. 

Esta estratégia é bastante utilizada atualmente na indústria, uma vez que permite utilizar um SoM padrão de mercado (dos fabricantes Toradex, Raspberry Pi, etc.) e, assim, desenvolver uma placa base customizada e confidencial da solução.

Um exemplo de placa base é a Compute Module 4 IO Board, distribuída pela Raspberry Pi Foundation, a qual tem como objetivo compor um kit de desenvolvimento completo para aprendizado do Compute Module 4. Esta placa base pode ser vista na figura 2.

Figura 2 - Compute Module 4 IO Board

Figura 2 – Compute Module 4 IO Board

É muito importante informar que o COMPUTE MODULE 4 NÃO DEVE SER USADO SOZINHO, ou seja, sem uma placa base. Inclusive, é possível observar que, nela, não existem conectores de uso geral como USB, Ethernet, HDMI, P2 e afins, mas sim existem soquetes em sua parte inferior para a conexão física dela com uma placa base, como mostra a figura 3. 

Soquete do Compute Module 4

Figura 3 – Soquete do Compute Module 4

A Raspberry Pi CM4 é um módulo feito para funcionar como um “computador modular” em aplicações diversas, deixando a especificidade da solução para a placa base.

Pelo fato da estratégia de uso de um SoM + placa base deixar a parte periférica (conectores USB, Ethernet e HDMI, por exemplo) a cargo da placa base, o tamanho do Compute Module 4 é significativamente menor se comparado a uma Raspberry Pi 4 convencional, possuindo apenas 55 mm × 40 mm de dimensões físicas, contra as dimensões físicas de 85 mm x 56 mm da Raspberry Pi 4 comum. 

Entretanto, a solução total pode ter um tamanho final de hardware grande, a depender dos periféricos desejados e do projeto e fabricação da placa base feito para uma solução específica.

Especificações técnicas do Compute Module 4

Uma das características mais marcantes do Compute Module 4 é o grande número de variantes disponíveis para compra. Atualmente, o RPI CM4 possui 32 variantes, com diferentes opções de conectividade Wireless (presente / não-presente), tamanho de eMMC e tamanho de memória RAM

Os preços destas variantes são diferentes, sendo correspondentes à variante escolhida. Estas variantes podem ser vistas na tabela abaixo:

Código Wireless RAM eMMC
CM4001000 Não 1 GB 0GB (Lite)
CM4001008 8GB
CM4001016 16GB
CM4001032 32GB
CM4002000 Não 2 GB 0GB (Lite)
CM4002008 8GB
CM4002016 16GB
CM4002032 32GB
CM4004000 Não 4 GB 0GB (Lite)
CM4004008 8GB
CM4004016 16GB
CM4004032 32GB
CM4008000 Não 8 GB 0GB (Lite)
CM4008008 8GB
CM4008016 16GB
CM4008032 32GB
CM4101000 Sim 1 GB 0GB (Lite)
CM4101008 8GB
CM4101016 16GB
CM4101032 32GB
CM4102000 Sim 2 GB 0GB (Lite)
CM4102008 8GB
CM4102016 16GB
CM4102032 32GB
CM4104000 Sim 4 GB 0GB (Lite)
CM4104008 8GB
CM4104016 16GB
CM4104032 32GB
CM4108000 Sim 8 GB 0GB (Lite)
CM4108008 8GB
CM4108016 16GB
CM4108032 32GB

Em resumo, todas as variantes dos CM4 disponíveis cobrem as seguintes especificações técnicas:

  • SoC e processamento: Broadcom BCM2711 (quad-core Cortex-A72, ARM v8), de 64 bits e com frequência máxima de operação igual a 1.5GHz.
  • Memória RAM: do tipo LPDDR4-3200 SDRAM, oferecida com os seguintes tamanhos: 1GB, 2GB, 4GB ou 8GB.
  • Vídeo: trabalha com vídeo com resolução até 4K a 60fps em H.265 (HEVC) e, para H.264, trabalha com resolução de até 1080p a 60fps.
  • Memória Flash: oferecida sem memória Flash embarcada (versão CM4 Lite, para casos de uso de memória de armazenamento externa / fora do Compute Module 4), ou oferecida com as seguintes opções de memória Flash embarcada (CM4 eMMC): 8GB, 16GB ou 32GB.
  • Conectividade Wi-Fi: suporta Wi-Fi nas frequências de 2,4GHz e 5,0GHz.
  • Conectividade bluetooth: suporta Bluetooth 5.0 e BLE.

A Raspberry Pi CM4 – assim como outras Single-Boards Computer disponíveis no formato de SoM – possui como característica a possibilidade de ser incorporada em sistemas e aplicações de uso mais severos, como é o caso de aplicações industriais, por exemplo. 

Também por esse motivo, o Compute Module 4 conta com a opção de ser comercializado com memória Flash embarcada do tipo eMMC, eliminando o uso dos cartões micro-SD, que com certeza seriam grande fonte de problemas operacionais em aplicações rodando em ambiente de grande vibração mecânica, por exemplo. 

Além disso, o uso de um CM4 com eMMC garante maior velocidade no acesso aos dados gravados, se comparado ao tempo de acesso de um micro-SD, sendo a memória Flash do tipo eMMC, portanto, bastante adequada em casos de uso que requerem baixo tempo de boot/inicialização.

Vantagens de uso do Compute Module 4

As vantagens de uso do CM4 são:

  1. Modularidade: é possível deixar todas as especificidades de hardware de uma solução na placa base e, logo, usar o Compute Module 4 como central lógica dela. Assim, se a placa base ou a Raspberry Pi CM4 apresentarem falhas de hardware, a substituição é facilitada, reduzindo o tempo de manutenção.
  2. Robustez: o Compute Module 4 é feito para uso em ambiente industrial, onde as condições de operação são mais severas quanto à vibrações mecânicas e temperatura ambiente. Logo, utilizar o RPi CM4 garante robustez à solução.
  3. Redução de complexidade de hardware: o projeto de placas base é muito mais simples de ser feito e fabricado do que o projeto de uma placa com um SoC (como é o caso do Compute Module 4). Desta forma, o custo final de um projeto que faz uso de um SoM (como a Raspberry Pi CM4, por exemplo) em conjunto de uma placa base é bastante competitivo se comparado ao custo de uma placa única com tudo integrado.
  4. Tamanho compacto: em soluções que não exigem muitos periféricos de hardware, a placa base tenderá a ter pequenas dimensões físicas. Como o Compute Module 4 já possui dimensões físicas pequenas, é possível ter como resultado soluções robustas e com tamanho final de hardware compacto.
  5. Mais personalização e menor consumo de energia elétrica: muitas vezes, as SBCs tradicionais possuem uma série de periféricos que não serão utilizados numa solução final. Isso contribui para um hardware final maior que o necessário e, ainda, contribui para um maior consumo de energia elétrica, devido a presença de periféricos não utilizados porém alimentados. Com a Compute Module 4, é possível projetar uma placa base somente com o que é realmente necessário na solução final em termos de periferia de hardware, permitindo que seja atingido um tamanho final de hardware menor, assim como um consumo de energia elétrica menor.
  6. Expansibilidade: se for necessário adicionar novas interfaces para comunicação com mais periféricos (sobretudo àquelas compatíveis com PCI express), o esforço e tempo para o retrabalho de hardware em uma placa base é pequeno se comparado à situação de uma solução que possui uma placa única com tudo integrado.

Usos sugeridos para o Raspberry Pi CM4 

Os usos sugeridos para o Compute Module 4 são diversos, podendo ser aplicada tanto em soluções em ambientes mais “caseiros”, quanto em ambientes industriais. De forma geral, é listado abaixo algumas possibilidades interessantes de uso da RPi CM4 com uma placa base adequada para cada uso:

  • Uso educacional, para aprendizado de programação e desenvolvimento de sistemas embarcados que utilizam Linux como sistema operacional embarcado.
  • Uso como dispositivo de chão-de-fábrica, como por exemplo em uma IHM (Interface Homem-Máquina) ou em um controlador de periféricos (motores, iluminação, leitura de sensores, etc.).
  • Uso como gateway para conectividades diversas, tais como: wi-fi, LoRaWAN (inclusive suportando um LNS embarcado na própria Raspberry Pi CM4, como o ChirpStack, por exemplo).
  • Uso em automação residencial, como central de controle de periféricos diversos, como iluminação, aquecedores, ar condicionado, cortinas automáticas e afins.
  • Uso em quiosques de informação / totens que operam em ambientes mais severos e precisam de alta resolução de vídeo.

Na MakerHero, você pode encontrar diversas variantes do Compute Module 4, além de adquirir a Compute Module 4 IO Board.

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